O Quadrilátero Ferrífero e a ocupação de Minas Gerais

Texto por Ana Clara Oliveira Magalhães e Vivian Camargos Pinto

O Quadrilátero Ferrífero (QF) representa uma estrutura geológica cuja forma se assemelha a um quadrado, perfazendo uma área de aproximadamente 7000 km². Estende-se entre a antiga capital de Minas Gerais, Ouro Preto, a sudeste, e Belo Horizonte, a nova capital, a noroeste.

O QF possui quatro unidades litoestratigráficas principais: o embasamento cristalino de idade Arqueana, o Supergrupo Rio das Velhas, o Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi. É no Supergrupo Minas, mais precisamente na Formação Cauê, que estão localizadas as formações ferríferas bandadas que hospedam os minérios de ferro alto teor do QF.

A descoberta de minerais nesta estrutura geológica, porém, não é assim tão antiga. O primeiro mineral encontrado foi, na verdade, o ouro, em meados de 1963, o que ocasionou uma verdadeira febre aurífera no estado. Essa exploração representou o marco principal da interiorização da ocupação portuguesa no estado mineiro no fim do século XVII e início do século XVIII. Dessa forma, foram fundadas as primeiras vilas afastadas do litoral brasileiro, como a cidade de Ouro Preto e Mariana.

A febre aurífera, entretanto, durou muito pouco. Cerca de 40 anos depois, com a rápida exploração das ocorrências mais produtivas nos aluviões e sedimentos do rio do Carmo, em Ouro Preto. Minas Gerais só voltou a ser destaque no setor econômico, tranformando-se em um dos estados mais ricos do Brasil, com a descoberta do minério de ferro a partir das pesquisas realizadas por inúmeros naturalistas no início do século XX. Com o reconhecimento geológico e a exploração das enormes ocorrências do minério na área do QF após a Segunda Guerra Mundial, o minério de ferro passa a ser a principal commodity mineira, posto que ocupa até hoje.

Assim, desde a fundação das primeiras vilas, a mineração permanece como uma das principais atividades industriais do estado, sendo o QF um destaque no que diz respeito a jazidas de ferro: estima-se que 60% de toda a produção brasileira dessa commodity tenha origem nessa região. Os municípios abrigados no QF correspondem a cerca de 22% da população mineira e sua produção abrange 26,8% do PIB de Minas Gerais.

Atualmente, as principais empresas produtoras de minério de ferro no Brasil são a Vale/SA, a CSN-Mineração e a Anglo American Minério de Ferro Brasil S.A, todas possuem empreendimentos em Minas Gerais. A CSN, por exemplo, opera a Mina Casa de Pedra em Congonhas-MG, a segunda maior a céu aberto do Brasil, ficando atrás apenas de Carajás, pertencente à Vale e localizada no sudoeste do estado do Pará.

Referências:

ALKMIM, F.F. & MARSHAK, S. Transamazonian Orogeny in the Southern São Francisco Craton Region, Minas Gerais, Brazil: evidence for Paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambriam Research, 90:29-58, 1998.

FARINA, F. et al. The Archeane-Paleoproterozoic evolution of the Quadrilatero Ferrífero (Brasil): Current models and open questions. Journal of South American Earth Sciences, v. 68, p. 4-21, 2016.

ROESER, H. M. P.; ROESER, P. A. O Quadrilátero Ferrífero – MG, Brasil: aspectos sobre sua história, seus recursos minerais e problemas ambientais relacionados. GEONOMOS, v. 18, n. 1, p.33 – 37, 2010.

RUCHKYS, U. et al. Geoparque Quadrilátero Ferrífero (MG) – Proposta. 2012. Disponível em: < http://dspace.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/17149/1/quadrilatero.pdf>. Acesso em: 08 abr 2022