Texto por Ana Clara Oliveira Magalhães, publicado originalmente no blog Roendo Livros
Jurassic Park, filme de 1993, foi imortalizado por Steven Spielberg. Prova disso é que a obra se tornou um clássico dos cinemas e ainda ouvimos falar sobre ela quase 30 anos após sua estreia. A trama é centrada em uma ilha fictícia criada por um bilionário que, com a ajuda de um pequeno grupo de geneticistas, consegue criar um parque temático onde as atrações principais são dinossauros de verdade, todos criados sob o prisma da engenharia genética.
Além de ser um marco para a Paleontologia, Jurassic Park também foi aclamado pela qualidade dos efeitos especiais, afinal, havia dinossauros “de verdade” contracenando com os personagens humanos, tecnologia muito acima da média tendo em vista o ano de estreia. Vale lembrar que a equipe contou, inclusive, com um paleontólogo para supervisionar os modelos. É claro que a comunidade científica descobriu muitas coisas sobre os dinossauros desde 1993, como a existência de penas, mas nada apaga a importância das espécies reconstruídas. A verdade é que Jurassic Park praticamente idealizou os dinossauros para toda uma geração!
Outra curiosidade é que os braquiossauros, a primeira espécie que aparece no filme, não podiam erguer-se sobre duas patas como retratado em cena, porque suas pernas traseiras eram mais curtas que as dianteiras e não suportariam o peso do que foi considerado um dos maiores dinossauros descobertos até hoje. Em outra passagem, o Dr. Grant, um dos personagens, afirma que os T-Rex tinham péssima visão e só poderiam enxergar caso a presa se movesse. Em 1993 a teoria era realmente essa, mas depois dos anos 2000 paleontólogos descobriram através do uso de tomografias que, infelizmente, não teria como se esconder deles: tinham ótimo olfato e audição, ou seja, mesmo se a visão fosse prejudicada, o fato não seria necessariamente um empecilho.
Outro ponto pouco comentado é o próprio título do filme! O certo seria Cretaceous Park, já que a maioria dos dinossauros retratados no filme viveu nesse período, e não no Jurássico. Foi no Cretáceo, inclusive, que os dinossauros dominaram o planeta. Mas convenhamos que a sonoridade com esse novo título não ficaria tão legal, né?
Além da paleontologia, outro tópico muito importante abordado foi a engenharia genética, que existe desde 1970. É claro que estamos muito longe de recriar um dinossauro — até porque até hoje nunca foi encontrado nem um trecho sequer de DNA de nenhum deles —, mas a famosa ovelha Dolly, clonada em 1996, mostra inúmeros avanços nesse ramo da ciência. Segundo informações publicadas pela Revista Galileu, estudos recentes na Universidade de Bonn pretendem determinar até quando os DNAs podem ser preservados em âmbar sem alterações.
Aliás, um ponto muito destacado no filme é a crítica constante sobre brincar com a ciência. Um dos cientistas contratados para avaliar a segurança do parque, Ian Malcom, que é matemático e de longe o personagem mais sensato da trama, conecta a recriação dos dinossauros com a Teoria do Caos. Uma pequena decisão tomada pode trazer consequências inenarráveis no futuro, e é isso o que acontece em Jurassic Park. A falta de responsabilidade do multibilionário que julga ser Deus é colocada a prova quando suas criaturas se voltam contra os humanos, mas como disse Malcom, “a história da evolução é de que a vida escapa a todas as barreiras. A vida se liberta. A vida se expande para novos territórios. Dolorosamente, talvez até perigosamente. Mas a vida encontra um jeito”…
Filme: Jurassic Park
Direção: Steven Spielberg
Produção: Kathleen Kennedy e Gerald R. Molen
Ano: 1993
País: Estados Unidos
Referências:
BBC NEWS. Dez erros que cometemos ao falar sobre os dinossauros. 2015. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150831_dinossauros_dez_tg>. Acesso em 30 de novembro de 2020.
HALTON, M. O que é científico – e o que é invenção – em ‘Jurassic Park’. BBC News Brasil, 2018. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-44375156>. Acesso em 30 de novembro de 2020.
REDAÇÃO GALILEU. Pela primeira vez, cientistas extraem DNA de inseto preservado em âmbar. Revista Galileu, 2020. Disponível em <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/10/pela-primeira-vez-cientistas-extraem-dna-de-inseto-preservado-em-ambar.html>. Acesso em 29 de novembro de 2020.